sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Um Atlas de Acontecimentos

vista da instalação de Michael Rakowitz, The Invisible Enemy Should Not Exist

João Mário Grilo, Visão, 11/10/07 >>

«A Fundação Gulbenkian fecha em grande o fórum cultural O Estado do Mundo com uma exposição onde obras de 28 artistas, na maioria jovens e pouco conhecidos, dão corpo a , uma panorâmica heterogénea sobre a complexidade filosófica, política, ética e estética da contemporaneidade. (…) este Atlas provocante e interpelador surge, assim, como um convite subtil à reflexão e, talvez mesmo, ao recomeço.»
Até 30 de Dezembro na Fundação Calouste Gulbenkian

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Che au Congo




Com esta a imagem clean, Che Guevara chegou em 1965 ao Congo.
(George Clooney poderá um dia ser o escolhido para esta interpretação)





contra Mobutu, na mata com os gerrilheiros... a internacionalização da revolução.



Um dia em cheio nos Docs



These Girls

de Tahani Tached, Egipto 2006

o que diz o program do Doc Lisboa>>

Estreado no festival de Cannes 2006, "These Girls" leva-nos até ao universo das raparigas adolescentes que vivem nas ruas do Cairo. Estas mulheres, crianças ou mães - e por vezes tudo isso ao mesmo tempo - desafiam diariamente os mais variados perigos e preconceitos sociais.As ruas e os jardins onde dormem são um universo de violência, medo e liberdade. As protagonistas expõem as suas emoções e surpreendemnos tanto pela força de carácter, como pelo sentido de humor. Têm sempre de se proteger dos rapazes que também vivem na rua, dos homens, da polícia, da família, das instituições e ganham pouco o nosso respeito. Apesar de se saberem marginalizadas, tentam viver cada dia como uma festa.







Cuba, Une Odyssée Africaine
de Jihan El TahriFrança/Reino Unido 2006.

o que diz o programa do Doc Lisboa>>


Entre 1961 e 1989, o continente africano foi um dos principais palcos da Guerra Fria. As nações africanas que tinham alcançado a independência, ou que lutavam ainda por ela, tiveram que enfrentar não apenas as antigas potências coloniais europeias, mas também as aspirações hegemónicas sobre o continente das duas super-potências: União Soviética e Estados Unidos. Integrando-se no bloco dos "não alinhados", os novos países africanos procuraram assumir o controlo dos seus próprios destinos e garantir a sua independência nacional através de alianças internacionais. Cuba teve um papel de liderança nesse processo, prestando auxílio aos jovens revolucionários africanos como Patrice Lumumba, Amílcar Cabral e Agostinho Neto. Da estadia frustrada de Che Guevara no Congo à batalha de Cuito Cuanavale, "Cuba, Une Odyssée Africaine" tenta compreender melhor a África contemporânea através da história destes internacionalistas que ganharam todas as batalhas, mas que acabaram por perder a guerra.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Estrela cadente






Por vezes são os miúdos que escolhem os filmes.
Ainda nem tinha reparado que a adaptação de uma novela de Neil Gaimon andava por aí nas salas de cinema. Fomos ver.
História de fantasia, modelada por um amor verdadeiro, feiticeiras e magias, animais mutantes, um reino à espera de sucessor, um navio voador que aprisiona raios durante as tempestades e muito, muito mais.
Tristan (Charlie Cox) é um jovem apaixonado que deseja c0nquistar o coração de Victoria (Sienna Miller). Esta propoe-lhe um desafio : se Tristan for capaz de lhe trazer uma estrela cadente ela aceitará o seu amor. É em busca dessa estrela que Tristan, herói improvável, atravessará o muro que proteje a sua aldeia de um outro mundo, Stormhold, universo paralelo onde a magia não tem fim.













segunda-feira, 24 de setembro de 2007


Gosto muito de me rir contigo.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Glória, glória, aleluia!

Mais de um ano parado devido às obras do túnel do Rossio, regressou para nos poupar
as caminhadas esfalfantes colina acima!

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Paris at night

Trois allumetes, une à une allumées dans la nuit

La première poir voir ton visage tout entier

La seconde pour voir tes yeux

La dernière poir voir ta bouche

Et l'obscurité toute entière pour me rappeler tout cela

En te serrant dans mes bras.


Jacques Prévert

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Ballester



Antes das férias emprestei à G. um livro "antigo" : o primeiro volume da triologia Os prazeres e as sombras - Vem aí o senhor, do escritor galego Gonzalo Torrente Ballester(1910-1999).
A triologia começou a ser editada por cá em 1997 após a passagem na RTP2, a altas horas da noite, de uma série de televisão baseada no livro e o espaço de tempo que medeou a saída dos três volumes pareceu-me uma eternidade, tal era a minha vontade de prosseguir a descoberta da narrativa. Infelizmente, na altura, poucos foram os meus amigos que se deixaram contagiar pelo meu entusiasmo e não me lembro que algum tenha lido estes livros.
Hoje, no regresso de férias, os olhos da G. brilhavam ao falar-me de Vem aí o senhor e contou-me a pressa que tinha de ler o resto da história (os restantes volumes estão esgotados e encomendou-os on-line, mas nunca mais chegam).
Adivinho boa conversa para o Outono. Talvez compre castanhas.

domingo, 9 de setembro de 2007

Ilustrarte

Com a ilustração ( pintura e colagem ) da história Hansel e Gretel dos irmãos Grimm, a alemã Susanne Janssen venceu esta semana a 3ª edição da Ilustrarte, Bienal Internacional de Ilustração para a Infância, promovida pela C.M. do Barreiro. A exposição da bienal inaugura a 10 de Novembro, no Auditório Municipal Augusto Cabrita, no Barreiro.


Le petit Chaperon rouge, Seuil Jeunesse, 2002


Peter Pan, Être Éditions, 2005

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Como se o mundo não tivesse Leste ( I )


Comecei ontem a ler mais um livro do antropólogo angolano Ruy Duarte de Carvalho, Como se o mundo não tivesse leste, Cotovia, 2003.

Não resisto a deixar aqui o primeiro pedaço de encanto:



"... A seca é um drama que ciclicamente se repete nas calcinadas vastidões desses dilatados suis. Mas nem a consciência de uma tal constância lhe minimiza um travo a morte e a perca.

Desidrata-se a terra, desidratam-se as ramas, altera-se a cor do mundo: embranquece o céu, escurece o capim.

Apartam-se os horizontes. Os montes ganham distância, mergulhados numa espessa e nublosa atmosfera, ofuscante em si mesma, opressiva de brumas e poeiras. Dir-se-ia que o ar coalha em goma, poalha de cal, fumaça de enxofre.

Enrola-se o tempo. Já não há estações que o meçam. Renovam-se as luas, sem sinais que as distingam de outras luas. Um mundo muito igual, os dias sobre os dias e nem um vento para cruzar-se firme com as direcções sabidas de outros ventos, a mesma luz, o mesmo sol, as mesmas noites frias."



Pastores, transumância, sudoeste de Angola, território Kuvale. Gostava de voar para lá.


quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Tim Burton




Tim Burton recebeu ontem o Leão de Ouro Honorário no Festival de Veneza. Gostava de ter lá estado a bater palmas!
Segundo o director da Bienal de Veneza, Marc Muller, o Leão de Ouro honorário consagra aqueles «que põem magia e imaginação no mundo do cinema». De facto, dificilmente me ocorreria o nome de um realizador vivo mais merecedor de um prémio com estas características.
Eduardo Mãos de Tesoura, Estranho Mundo de Jack, e num outro registo, Ed Wood, são filmes que guardo no lugar que destino a tudo aquilo que me fascinou pela estranheza como a fantasia se pode apresentar no mais delirante jogo entre a magia, a candura e o horror.
Se os filmes de Tim Burton me fazem correr para uma sala de cinema - na Primavera teremos Sweeney Todd - , o livro por ele escrito e ilustrado, A Morte Melancólica do Rapaz Ostra & Outras Estórias, editado em 2000 pela desaparecida editora Errata e reeditado recentemente pela Antígona, é o mais precioso conjunto de histórias sobre rapazes e raparigas diferentes (... como Eduardo e as suas mãos de tesoura) que conheço.


São vinte e três pequenas histórias em verso, umas engraçadas, outras carregadas de tristeza e melancolia, por vezes no limite do suportável.
Não é um livro para crianças pequenas, embora o possam ler com agrado. Mas é um livro para crianças, whatever that means!



A Rapariga Vodu


É feita de retalhos,
tem pele de algodão
e muitos alfinetes coloridos
saídos do coração

Tem um magnífico par
de olhos em espiral
por si utilizados
para hipnotizar namorados.

Tem muitos zombies diferentes
de que nunca se cansa.
Até tem um zombie
oriundo de França.

Mas sabe que não pode vencer
a sua terrível maldição,
pois se alguém de aproxima dela
perfura-lhe o coração.


Tim Burton, "A Morte Melancólica do Rapaz Ostra & Outras Estórias"

sábado, 1 de setembro de 2007

Longa viagem

Ítaca

Quando partires de regresso a Ítaca,
deves orar por uma viagem longa,
plena de aventuras e de experiências.
Ciclopes, Lestrogónios, e mais monstros,
um Poseidon irado — não os temas,
jamais encontrarás tais coisas no caminho,
se o teu pensar for puro, e se um sentir sublime
teu corpo toca e o espírito te habita.
Ciclopes, Lestrogónios, e outros monstros,
Poseidon em fúria — nunca encontrarás,
se não é na tua alma que os transportes,
ou ela os não erguer perante ti.

Deves orar por uma viagem longa.
Que sejam muitas as manhãs de Verão,
quando, com que prazer, com que deleite,
entrares em portos jamais antes vistos!
Em colónias fenícias deverás deter-te
para comprar mercadorias raras:
coral e madrepérola, âmbar e marfim,
e perfumes subtis de toda a espécie:
compra desses perfumes o quanto possas.
E vai ver as cidades do Egipto,
para aprenderes com os que sabem muito.

Terás sempre Ítaca no teu espírito,
que lá chegar é o teu destino último.
Mas não te apresses nunca na viagem.
É melhor que ela dure muitos anos,
que sejas velho já ao ancorar na ilha,
rico do que foi teu pelo caminho,
e sem esperar que Ítaca te dê riquezas.

Ítaca deu-te essa viagem esplêndida.
Sem Ítaca, não terias partido.
Mas Ítaca não tem mais nada para dar-te.

Por pobre que a descubras, Ítaca não te traiu.
Sábio como és agora, senhor de tanta experiência,
terás compreendido o sentido de Ítaca.

Konstantinos Kavafys / Tradução de Jorge de Sena

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Pequena História



Uma pequena história do mundo, E. H. Gombrich, Tinta da China,2006.


Há anos aguardada, esta edição de uma história do mundo para jovens leitores, cumpre bem o seu propósito: os olhos e a curiosidade correm incansáveis através de cada uma das histórias.


Obrigatório para pais e professores que gostem de ler em voz alta aos seus miúdos.

Com Heródoto





Com Heródoto de Helicarnasso, escreveu Ryszard Kapuscinski o seu último texto. São histórias e reflexões sobre os caminhos, o olhar e a construção da memória. Chama-se Andanças com Heródoto, Campo das Letras, 2007.

Numa entrevista em 2006, Kapuscinski afirmou que escrevia para “pessoas de qualquer lugar ainda suficientemente jovens para estarem curiosas sobre o mundo”.

Para ler, anotar e oferecer muitas vezes.